Fui no aniversário de uma amiga no último sábado. Não a vejo há algum tempo, mas fiz questão de ir, porque de fato somos amigos. Tinha outro aniversário pra ir no mesmo dia, mas dei um jeito de ir lá, mesmo que tarde, porque de fato somos amigos. Não conhecia ninguém que estaria lá porque nossos amigos em comum não foram chamados pra a tal festa, mas fiz questão de ir, porque de fato somos amigos.
E assim foi. Cheguei acompanhado da minha namorada e de um amigo. Não era muito bem uma festa, estava mais para um happy hour. Devia ter umas 15 pessoas lá, comendo pizzas feitas na hora, num forno a lenha perto de uma piscina. O lugar e as pessoas eram bem legais, uma delas, inclusive, me chamou a atenção. Assim que chegamos, um cara, com uns 25 anos, de rabo de cavalo (é, rabo de cavalo) veio, simpáticamente, se apresentar.
- Fala aí gente! Tudo bem com vocês? - nos abordou.
- Tudo ótimo! - respondi.
- Seu nome é..!?
- Meu nome é Jônatas, e o seu?
- Pode chamar de cubano (cubano? Algo me dizia que meu blog ganharia um texto naquela noite).
Ficamos, naturalmente, um pouco deslocados. Eu, minha namorada e meu amigo Felipe achamos nosso lugar num sofá e ali ficamos a papear. De vez em quando conversávamos com pessoas desconhecidas, mas só aquele papo furado que pessoas desconhecidas batem, sabe? Mas como somos muito bons de papo, estava saindo tudo bem. Até que o cubano se aproximou de nós, mas olhou fixamente só pra mim.
- Aí, Anderson - disse se aproximando, claramente querendo falar ao meu ouvido.
- Anderson? - respondi, surpreso.
- Qual teu nome mesmo?
- Jônatas.
- Ah é! É que eu te confundi com o outro cara - apontou para meu amigo, Felipe.
- Ah tá... Mas fala aí!
- É o seguinte...
- Uhn...
- Tu fuma um back?
(Eita)
- Pô, Cubano, não fumo não, cara...
- Não? Tranquilo! - falou num sobressalto, levantando as mãos como se estivesse retirando o que disse, tentando não me contranger - Se você quiser, estamos aí...
Não entendi. Eu estava lá, com minha namorada e meu amigo e ele saiu lá do lugar onde ele estava (Havana?) só pra perguntar pra mim, e somente pra mim, se eu era da turma do D2? Por que não meus acompanhantes? Eu lá tenho cara de maconheiro? Fiquei pensando sobre esse momento bizarro que tinha acabado de viver, quando saiu uma pizzazinha de calabresa acebolada. Nessa hora minha reflexão se esvaziou e fui comer. Vida que segue.
Uns 30 minutos depois, após comer mais uns 37 pedaços de pizza, estava na beira da piscina. Meu amigo Cubano estava no comando do forno a lenha. De repente, escuto:
- Anderson!
- Só pode ser eu - pensei
- Anderson!
- Meu nome não é Anderson cara!
- Putz, foi mal... É Djonatá né?
- Jônatas...
- Então, Djonatãn, escolhe um sabor de pizza aí, pra eu fazer! Temos todos os sabores!
- Que isso cara, já to satisfeito.
- Ah, fala sério! Escolhe aí! Qualquer sabor!
- Pô, já comi pra caramba...
- Escolhe logo John Natan! É só pedir!
- Beleza. Então... sei lá... Chocolate com morango.
- Pô, esse não tem.
- Banana com canela..?
- Pô, também não.
- ...
É difícil não rir nessas horas. O cara era muito figura.
Na hora de me despedir, já fui falar com ele escaldado. "Valeu, cubano! Tô indo nessa..." falei pra ele, como se fôssemos amigos. Juro que nesse momento ele olhou pra mim e ia me chamar de Anderson, mas pensou duas vezes e se absteve de tentar lembrar meu nome "Valeu cara, prazer conhecer vocês!". Ele precisa parar com isso. Queimar neurônios, a longo prazo, se torna um problema sério. Se Fidel conhecesse esse cubano, acho que não ia gostar: "Nosotros no fumamos cigarillos del capeta, nosotros fumamos charuto, cabrón!"
[Novos txtos sempre às terças e sextas]
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4 comentários:
3 observações:
1 - a internet é um perigo!como é que tu sai expondo os outros assim?!!!
2 - quando eu te conheci tb achei que vc era maconheiro
3 - 37 pedaços de pizza?!!!!!ahahahha
tu exagera demaaaaaaaaaaaaaaaaaaiiiisss!
Seguirei o método camilesco:
1 - a internet é um perigo!² (por isso que só conto mentira e mesmo assim minha chefe já censurou dois textos do meu blog)
2 - RACISMO: ele te achou com cara de maconheiro só porque vc é preto e tem cabelo black (Camila também - eu avisei que internet era um perigo).
3 - 37 pedaços de pizza (fora as doce, pois pelo visto não tinha nenhuma)
4 - É sempre um prazer ler estes textos com um espanhol tão peculiar. haha
Abraços
Cara, vc tá cada vez melhor na arte de transformar os acontecimentos simples, o corriqueiro (bom, conhecer o cubano não é tão corriqueiro assim) em arte escrita, em crônica que prende o interesse do início ao fim. Pedro Bial, vc já era! Agora nós temos Jônatas! Ou ... será Anderson?
Parabéns
Caramada figuraça... não, o melhor é que se eu escutasse essa história pessoalmente de você, Jônatas, eu tenho certeza que eu ia rir demais. Tu, escrevendo ou falando, tem o dom de narrar os acontecimentos...
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