sábado, 23 de janeiro de 2010

Cachaça não é água não

"Festa estranha com gente esquisita. Eu não tô legal, não aguento mais birita..." -Legião Urbana


Eu fico impressionado como a galera bebe. Impressionado. Não entro no mérito se isso é bom ou ruim, certo ou errado, alto ou baixo, esquerdo ou direito, Roberto carlos ou Iron Maiden. Só digo que fico impressionado com a quantidade de bebida que as pessoas decidem consumir em um espaço de algumas horas.

Fui a um aniversário na sexta-feira passada. Aliás, eu toquei nessa festa. Eu e minha ex-banda fizemos um show lá, na verdade um showzinho, 10 músicas. Mas foi bem legal, a galera curtiu bastante, cantou, dançou com a gente e tal. Fora que foi muito maneiro tocar de novo com a Fragata. PV, Monteiro, Xandão, Ricardo, meus cumprimentos.

Mas foi lá que eu me escandalizei quanto a esse "hard drinking way of life". Na verdade eu já me escandalizei com isso várias vezes, mas talvez tenha sido a primeira vez que eu tive um blos pra escrever quando cheguei em casa. Foi doido. Tento acompanhar esse raciocínio: as pessoas saem de casa com uma missão clara, que é encher o pote mesmo. Tudo além disso passa a ser relativo. É... depois de 5 latas de cerveja ou 3 copos de vodca as coisas realmente passam a ser relativas né? A festança tava marcada pras 22:30 e eu cheguei lá na bucha porque tinha que ligar meu violão lá e tal. Então pude perceber tudo desde cedo. Vou te falar que antes das 23h já tinha os primeiros joselitos sem planejamento que pareciam achar que a festa teria meia hora. Quando deu meia-noite maluco, o negócio já tava sério. E meia-noite era a hora do nosso show!

A parte boa da galera ser boa de copo foi que o nosso showzinho foi animadíssimo. Tinha gente indo até o chão com balada do Nando Reis! Foi doido. Agora tu imagina o que não fizeram com "Pro dia nascer feliz" do Barão. Quando acabamos de tocar a última e fui me despedir pela banda, todos a uma nos saudaram "mais um! mais um!" É mole? Infelizmente não tínhamos mais nada ensaiado então metemos uma de estrela e nos retiramos, mesmo contrariando a pedidos, mas era porque não tínhamos mais nada pra tocar mesmo. Mas durante o show teve de tudo, desde tombo na pista de dança até gente chutando o pedestal do meu microfone no meio da música.

Depois do nosso show, como se fosse pouco o que já tinha rolado, abriram uma boate que tinha lá na casa de festas num ambiente fechado, aí babou de vez. Os refrigerantes sumiram das bandejas, só entrava cerva na boatesinha e os que mais dançavam eram os que mais bebiam e assim a festa pareceu que estava prestes a explodir! rs Tinha uma menina na minha mesa (era uma dessas casas com mesas enormes tipo com 15 lugares que juntam desconhecidos... maroto) que desde as 23h eu não vi a menina sem um copo na mão. Quando ela decidiu levanta pra dançar quase desabou, acho que levantou muito rápido, ou bebeu demais, provavelmente os dois.

A festa correu sem maiores acidentes. A aniversariante (que também não bebeu pouco) foi generosa nos comes e bebes (principalmente nos bebes) e seus convidados não fizeram desfeita. Quando tava indo embora, no caminho da porta, um cara veio me comprimentar. Eu logo pensei que ele tava comprimentando "o cantor da banda que mandou benzão" né... Depois ele comprimentou a minha namorada, depois um cara que tava passando ali, depois o garçon. Ele tava num mundo muito distante. Red Labeland.

Mas se você é um brameiro guerreiro, frequenta o bar da boa Juliana Paes ou gosta da que desce redondo, aprecie o post com moderação. Não tenho nada contra o "hard drinking way of life", só fico impressionado com essa atitude "vou beber, ficar na mão do palhaço porque é isso que eu quero da minha vida". Impressionado. Sexta-feira vi os que beberam, curtiram e foram pra casa dormir e vi também os que beberam, passaram da conta, vomitaram, deram vexame e no dia seguinte vão ter dificuldade de lembrar da festa. Uma coisa é fato: se tivesse uma blitz da Lei Seca [eu apoio] na rua da festa, teríamos sérios problemas. Problemas pros outros né, eu entrei no meu carrinho e meti o pé.

Sorte de hoje:
Um brinde à vida. Se fizer uma festa e quiser chamar o Jônatas, providencie uma Coca-Cola. E não esqueça: se beber não dirija.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Espelho


Acordo. A voz de minha mãe parece nunca desaparecer. É como um mosquito que rodeia a cabeça na hora de dormir. Um som que vem de 'não sei onde' e vai pra 'sei lá...'. Não há quem mate o mosquito no escuro, e não há como evitar ouvir a voz dela falando as mesmas coisas que falou durante tanto tempo.



Levanto da cama. Escuto lá da cozinha "Beto, a primeira tarefa do dia é fazer a cama..!". Pois então faço. Sempre fui bom filho. Na verdade sempre fui bom com todos. No colégio, trabalho, na rua onde cresci. Nunca odiei ninguém. Ah, tá bom vai, quando a Karen beijou o Bruno eu quis partir a cabeça dele com um machado e dar a língua dele pra um vira-lata comer, mas sabe como são essas coisas né... ódio de amor não conta.


Ponho uma roupa. Aliás, que fim levou Anna Lúcia? Que par de olhos!, nunca pensei que Aninha acabasse sendo mais bonita, mais inteligente, mais interessante, mais tudo que a irmã. Deve tá casada já, se bobiar. Não me admiraria. Aliás, aquela galera deve toda achar que eu também já estou. Casado, com dinheiro no bolso, carro na garagem, sorriso no rosto. Principalmente sorriso no rosto, também, vivia fazendo palhaçada, rindo e fazendo rir. Impressionante como o futuro é um soco irônico no meio da cara.


Caminho até o banheiro. Quarto e sala na Lapa, centro do Rio. Tanta gente ao redor e um verdadeiro deserto. Um paradoxo insuportável. A solidão materializada dentro da TV. "Quem vê esses filmes no meio da madrugada?" - eu pensava quando era moleque. Essa época do ano é uma droga. Depois do fim do campeonato brasileiro tenho me sentido ainda mais só, a que ponto eu cheguei. A torcida no Maracanã era o único lugar onde eu estava acompanhado de verdade. Patético.


Espelho. Esses dias chegou um amigo aqui em casa, acho que ele veio pra ficar. Na verdade acho que ele está preparando a vinda de outros. Impressionante o que o primeiro fio de cabelo branco faz com a cabeça da gente. Não do lado de fora, é só um fio, mas dentro da cabeça mesmo. Meu pai deve ter tido cabelos brancos muito cedo. Talvez seria uma das perguntas que faria pra ele se eu o encontrasse... ou não.


Pego o jornal na porta. Hoje é dia 31/12. Penso durante 5 segundos. É como ouvir alguém falando bem do fulano. Você escuta elogios ao fulano durante 5 minutos, depois você encontra outro alguém que lhe diz "fulano? Cuidado hein...". É o suficiente. Dane-se, é fato que o fulano não é confiável. Existem falas que são como bombas dentro de nós. Fazem buracos profundos. Marcas. A bomba que estoura agora: Eu tenho 29 anos, hoje é dia 31 de dezembro e em 2009 eu não abracei ninguém.
 
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