quinta-feira, 17 de junho de 2010

O top do pop


O lugar onde passo maior parte do meu tempo é o ônibus (vida de negro é difícil). E é no coletivo que tenho rachado minha cara ultimamente. É que estou com 3 CDs do Michael Jackson no celular e tenho um sério problema com algumas músicas desse sujeito: não consigo não dançar e cantar. Foge seriamente do meu controle, é triste.

Meu estágio inicial é bater o pé, mas até aí tudo bem, todo mundo faz isso. No estágio intermediário já começa a complicar. Começo a bater com as mãos na perna e na mochila, mexo levemente o pescoço e os lábios, não sai voz, mas dentro da minha cabeça já estou cantando. Os mais fofoqueiros dentro do grande buso a essa altura já começam a te manjar. Mal sabem eles que ainda não viram nada. Estágio avançado: fecho os olhos (pra assistir ao show, saca?), solto a voz e mexo os braços, pernas, ombros. Lá se vai o controle.

Eu me pego dançando, começa sem eu nem perceber. Mas aí que vem o mais interessante!, mesmo depois que eu me percebo nessa situação, também não paro. De alguma forma estranha eu penso "to pagando um mico aqui, mas vale a pena". Não vou abandonar o show do Michael (dentro da minha cabeça) só porque tem gente olhando e torcendo o nariz. Dane-se eles! Gente triste e sem imaginação. Se eles estivessem ouvindo e "assistindo" o mesmo que eu, me dariam razão!

Se passou um ano. No dia 25 de Junho de 2009 a rede mundial de computadores ficou lenta pela sobrecarga de acessos. Pessoas atrás de informações confiáveis em torno da morte do Rei do Pop. Sucesso absoluto depois de morto, o cara foi 1000 vezes mais famoso enquanto vivo. Ser um superstar não era parte de sua vida, mas a totalidade dela. Talvez por isso tenha tido lá seu grau de loucura.

Bem, sou fã, de ler biografia e ter toda a discografia. Por isso vai aí a homenagem ao cara mais sinistro que já entrou num estúdio de gravação ou subiu num palco. O inventor da música pop. O top do pop.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia dos Namorados


Senhor presidente,

Meu nome é Rafael Ferreira, mas pode me chamar de Bexiga (não me pergunte o porquê). Eu queria mesmo era encontrar com o senhor pra batermos esse papo, mas não demorou muito até eu perceber que seria difícil demais. O senhor anda muito ocupado! É isso aí!, trabalhe bastante mesmo! Votamos no senhor pra isso.

Pois bem, tenho 19 anos, moro no Rio e sou um rapaz, eu diria, normal. Lhe escrevo porque estou passando por um problema que só o senhor pode solucionar. É sobre o Dia dos Namorados. Penso que essa comemoração poderia ser revista. Posso dizer que ela tem me feito passar por situações bem ruins nos últimos anos e gostaria de lhe pedir um favor: Será que o senhor, sendo o senhor quem é, não poderia usar o seu poder para proibir as comemorações desse maldito dia dos namorados?

Explico: sou solteiro. Mas não peço o fim do Valentine's no Brasil porque sou um encalhado não! Sou pintoso, bom de papo, inteligente e já tive 3 namoradas, e bem bonitas!, apesar de ter quisto o destino que não passasse sequer um 12/06 acompanhado. De qualquer forma, meu pedido não é só por mim, mas por toda a população solteira nesse país! Vocês casados (aliás, beijos pra Dna Marisa) deveriam pensar em nós também! Também somos brasileiros, também pagamos impostos! Temos que ser tratados com igualdade e respeito! Comemorem o relacionamento de vocês no aniversário de namoro, de casamento, sei lá! Mas não criem um dia que divide o mundo em dois pedaços distintos: acompanhados felizes e sozinhos tristes e mal amados! E antes que o senhor diga "É uma data importante pro comércio. Aquece a economia", inventem outra coisa!, todo mês tem uma data inventada pra gastarmos nosso dinheiro mesmo!

Posso estar sendo demasiadamente contundente, mas o senhor não imagina o que nós, solteiros, passamos nesse dia. É muito constrangedor! Todos ficam querendo saber o que vou fazer no sábado dia 12. É maroto! Uma fofy* da faculdade me chamou pra ir no cinema. Foi um momento desnecessário para minha experiência de vida. Ela estava desesperada para arrumar algo pra fazer, mas "não dá pra sair com ela", se é que o senhor me entende. Aliás, não posso sair na rua no Dia dos Namorados de jeito nenhum! Se sair com meus amigos, seremos taxados de otários por todos os casaizinhos que passarão por nós de mãos dadas, roupas novas, com anéis prateados de compromisso e felizes!

Espero atitudes suas. O senhor com essa caroxa deve ter passado muitos Dias dos Namorados sozinho e vai entender minha situação, espero. É uma questão de bom senso no final das contas. Se ficar sozinho fosse algo a ser corrigido, a logo do PT deveria ser um par de estrelas. Agora presidente, plano B: Se não rolar mesmo suspender o Dia dos Namorados, será que o senhor não descola o telefone de uma assistente sua bonitona aí não? Sabe como é né. Passar o dia 12 sozinho não dá...

Um abraço! Dilma pra presidente!
Rafael Bexiga Ferreira

"fofy" - Pessoa do gênero feminino no meio do caminho entre o peso ideal e o peso considerado obeso. sinônimos: fortinha, cheinha, massudinha, gordinha.

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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Médico


Todo mundo já viu em algum filme, livro, novela, ou até ao vivo sei lá, a seguinte situação: dentro de um avião alguém começa a passar mal ou toma um tiro (no caso de um filme de ação) e logo ouve-se o grito desesperado "Um médico por favor! Alguém aqui é médico!?" e logo que o apelo chega aos ouvidos da pessoa certa, um médico se levanta com a segurança e a beleza (caso seja um personagem importante na trama) necessárias pra salvar uma vida, ato banal na vida desse superprofissional.

Sempre tem um médico no avião, já percebeu? Até naqueles que caem, como o de Lost (foto: Dr. Jack Sheppard). Engraçado porque eu conheço poucos médicos: dois. E eles não frequentam muito os aeroportos. Na verdade os doutores representam uma parcela muito pequena da população mundial, me admira portanto sempre estarem nos aviões prontos a socorrer uma vítima surpresa. Eles devem se concentrar nas aeronaves ou formarem algum tipo de escala secreta. Putz, que besteira.

É lógico que a explicação é meramente sociológica. Médicos tem grana e quem tem grana viaja de avião, certo? Simples. Se precisassem de um engenheiro numa emergência dentro do avião (!?), seguramente algum se levantaria. Um arquiteto, um advogado (ok, hoje temos mais advogados que agricultores nesse Brasil), um alto executivo. Enfim, essas profissões que geralmente geram altos salários. Elas voam por aí. Por isso é até normal o médico aparecer no meio da história.

Estranho seria pedirem um médico no busão na hora do rush matinal as 8h dentro do 298 Acarí-Castelo na altura de São Cristóvão porque a Dona Cleide tá suando frio. "Um médico por favor! Alguém aqui é médico!?". Silêncio... Isso se ninguém risse só de ouvir apêlo tão incoveniente. Um médico no 298? No máximo a secretária de um dentista, e olhe lá! É mais fácil jogar a Dona Cleide na sarjeta e seguir viagem.

Esse é o mal de sermos humildes. Ficamos desprotegidos em situações assim. Um mal súbito, uma queda de pressão, um tiro (nesse caso, nada de roteiros de ação. Assalto mesmo) e não temos um doutor pra nos socorrer. Mas tá tranquilo, no final das contas todo brasileiro tem um pouco de policial, técnico de futebol e médico. "Dá água com açúcar pra ele", "suspende as pernas pra circular o sangue" ou "lava o rosto com água fresca" parecem ser conselhos coringas que fazem passar qualquer mal estado.

Nós, passageiros do 298 não precisamos deles! Aliás, quem precisa? Os médicos burgueses que se explodam! Tomara que no próximo filme o próprio médico tome o tiro. Porque se por um lado todo vôo tem um, por outro tem um só! É igual o negro, cada filme tem o seu. Quero ver se o médico tomar mesmo o tiro, quem vai socorrer!? "Algum outro médico por favor! Alguém mais aqui é médico?" Se ferra aí. Pede pro negão socorrer, tenta a sorte. Se bem que pensando bem, muito provavelmente ele tenha sido o autor do disparo. Hollywoody é fogo...

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