quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O Artista


Tô eu dentro do 690 indo em direção ao destino que não vem ao caso quando me sobe no ônibus o rapaz. Devia ter uns 17 ou 18 anos, negro da cor do carvão e com um sorriso muito branco e muito bobo na cara. Ele subiu pela porta de trás e foi em direção ao trocador, mas já no meio do caminho já vinha falando...

“Vou contar o que aconteceu pra vocês, vou contar o que aconteceu pra vocês, camelô tava passando lá na Avenida Brasil quando vi a maior confusão, como eu não sou bobo, fui ver o que era. Galera, vocês não vão acreditar! Caminhão da Santa Helena tinha virado lá no meio da pista. Bem, primeiro quis ver se alguém tinha se machucado, graças a Deus tava tudo bem, mas sabe como é que é né, camelô catou um sacão cheio de amendoim Santa Helena. Camelô não é bobo né? Eles iam jogar tudo fora mesmo... E agora venho aqui dar presente pra vocês. Olha só [mete a mão no saco e tira um amendoim] um amendoim Santa Helena, sem casca, croquíssimo, amanteigado custa só 50 centavos. Eu sei, eu sei que até aí não disse nada, é o que todo mundo vende né? Mas se ao invés de eu vender 2 por 1real [pega mais um pacotinho no sacão] eu vendesse [pega mais um] 3 por um real? Minha senhora, você comprava? [apontou pra uma velhinha lá... rs] Viu galera? Ela comprava! Lógico que comprava, todo mundo compra ué!”

“E o mais importante, data de validade ó... 30 de abril de 2010! Você pode comer amendoim com champagne no natal [risos no ônibus], com a cervejinha no ano-novo, porque a data de validade é só em abril ó! Vamo lá gente o sacão tava cheio agora ta acabando ta vendo? Eu vendo muito porque eu vendo barato. Vamo lá, vô embora hein!”

A impressão que eu tive era que aquele maluco poderia vender qualquer coisa pra qualquer público. A desenvoltura pra falar e atuar, de certa forma, era invejável. Quase todo mundo comprou amendoim dentro do ônibus [eu não comprei... prefiro com casca]. Mas fiquei pensando aonde aquele cara poderia ir se alguém investisse grana, tempo e sentimento nele. E também pensei aonde ele poderia acabar indo se um dia ele enchesse o saco de ser camelô e se revoltasse contra a pobreza que o persegue aonde quer que ele vá, apesar do esforço que ele faz...



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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Apagão

Quarta-feira, 10/11, 21h. Meu amigo cearense (brincadeira, carioca da gema, mas morador de Fortaleza) veio à casa a motivo de visita banal. Conversa fiada, nossa especialidade, em assuntos costumeiros: música, livros, teologia, filosofia, amenidades, histórias aumentadas e vida dos outros. Juntamente com meu irmão estávamos nós trocando idéia em frente a um jogo de futebol custoso de se assistir, devido a pertencer à 2ª divisão do futebol brasileiro, de tal time Vasco não sei das quantas. De repente a luz enfraquece, enfraquece... enfra... puf!. Foi-se. Breu. Escuro. Silêncio. E aí uma sucessão de fatos que descrevo a seguir. Fatos decorrentes do escuro e acendem reflexões (não tão profundas, é verdade) na mente.

Bem, a mãe, com seus sentidos maternos bizarros que só a antropologia pode (tentar) explicar vêm ver se seus pequenos filhos de 23 e 22 anos estão bem. Passado o susto, ela volta pra cozinha, já que estava preparando o almoço do dia seguinte e não via motivos pra interromper. Só porque não dá pra ver mais nada? Mãe sinistra é assim, panela de pressão e tudo.


Fui pra varanda e achei estranho que toda a região da cidade que meus olhos alcançavam estava sem luz. De repente começa uma movimentação digna de filme sem enredo do Spielberg sobre o mundo acabando: várias pessoas vão pras janelas com lanternas, lasers e luzes coloridas ou um canhão de luz (sério, tinha um maluco com um canhão de luz que parecia de aeroporto. Tenho testemunhas!) e começam um tipo de comunicação estranha.

A FM no celular, começa a informar que o Sudoeste todo está sem luz (4 estados certo?) Depois, parte da Bahia, Brasília e Paraná (po! O negócio é sério hein...). Mais tarde, mais de 15 estados do Brasil e parte do Paraguai! Lógico que nesse momento começamos a falar sobre conspirações, o mundo político por trás dos panos e o demônio do capitalismo porque a essa altura já tínhamos certeza que o “apagão” era fruto de uma teia conspiratória que começava no Obama, passava pelo Bin Laden e ia até o Michael Jackson. A hipótese de alienígenas, porém, por cautela, nunca deve ser descartada.

A situação alternativa em si tirou o sono da galera e acabamos ficando acordados com um objetivo não-declarado de esperamos a luz voltar. No final das contas não conseguiria dormir, já que sou altamente dependente de eletrodomésticos que auxiliam na climatização do ambiente, e sem eles não durmo de jeito nenhum (de jeito nenhum! Percebe o peso da palavra “nenhum” aqui?). Bandnews: "Problemas na hidrelétrica de itaipu são a causa do apagão". E as horas passam.

Ih! Do nada tudo acende! Caraca, que viagem é ver a cidade toda acendendo as 2 e pouca da manhã. Eram 10 e tanto da noite quando a luz foi passear e a galera esqueceu de mexer no interruptor antes de dormir. Bem, fui eu soprar as velas (uma criancinha dentro de mim se deleitou com essa sensação...) e quando liguei a TV, pasmem, “Puf” de novo. Breu. Que sacanagem. Com certeza tem alguém lá em Itaipu se divertindo em sacanear esse 1/3 do Brasil.

Bem, entre 3:30 e 4:00 da matina a luz voltou e, espertos como somos, nos negamos a apagar as velas dessa vez, mas a luz veio pra ficar mesmo. Em poucos minutos estava eu na cama, lógico. A Uerj não me veria ao nascer do sol dentro de 3h e o RJtv explicaria mais tarde que na verdade foram 18 estados brasileiros, além de uma região paraguaia com casos do “apagão”. Louco né? Eu continuo considerando a possibilidade de ter sido alguma parada planejada que nossas mentes não alcançariam, ou os ET/minha casa/telefone, mas pode também ter sido um Homer Simpson qualquer que derramou Coca-Cola na tomada lá na usina, seilá... No fundo, eu adoro situações assim. Fazem a gente funcionar de uma forma nova, nem que seja por poucas horas e eu acho isso muito bom.

Quantas pessoas não devem ter entrado madrugada como eu, nem que tenha sido conversando com pessoas que convivem diariamente, mas estão sempre ocupadas demais pra perder (ganhar) tempo papeando? Só uma incompetência em Itaipu mesmo pra desligar a globo maldita e a internet, e fazer a gente olhar pra objetos mais interessantes, nem que seja no escuro ou a luz das velas.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mulherada, tampem os ouvidos!

Ontem no almoço aprendi a fazer arroz. Me vi pronto pra morar sozinho. Já se sentiu assim? “Putz, eu poderia viver sozinho... não preciso de ninguém!” Então, me senti assim. Até porque o arroz é que nem o Flamengo né?, onipresente. E por isso quem sabe fazer arroz já sabe fazer metade de todos os pratos que comemos. Se eu aprender a fazer macarrão, aí ferrou, anexo o Corinthians e já vou ter dominado 70% da culinária mundial.

Falei isso com uma amiga ontem no msn e perguntei se ela sabia fazer arroz. Ela me respondeu “Eu não, não sei fazer nada na cozinha... hahaha” (odeio risadinhas escritas). Na hora eu pensei “po, como é que uma garota de 20 e poucos anos não sabe fazer arroz?” e depois eu mesmo reprimi meu pensamento, por ser obviamente machista. Qual o problema de uma garota não saber fazer arroz aos 20 e poucos anos?

Mas agora eu quero reprimir minha própria repressão: Lógico que uma garota tem que saber fazer arroz aos 20 e poucos anos! Aliás, existe um monte de coisas que uma garota tem que ta esperta já aos 20 e poucos anos. Se não tem o costume de fazer, que pelo menos saiba como! E ainda bem que por aqui só quem fala é eu porque vou em frente. Mulherada, tampem os ouvidos! (Mas continuem lendo...)

Depois do machismo, o feminismo é a maior idiotice que existe no âmbito da “guerra dos sexos”. Querer alcançar os mesmos direitos dos homens foi um tiro que acabou saindo pela culatra porque o status é produto de muitas ações e ações pra lá de chatas e desgastantes. Quando, na década de 60, as pessoas começaram a repensar sobre os papéis sociais, a mulher quis se libertar de toda a opressão que sofria e é lógico que fez muito bem (lógico mesmo!). Mas como toda multidão, foi por caminhos não planejados e quando a mulherada queimou os sutiãs em frente à Atlantic City Hall em um protesto contra a competição de Miss América de 1968, o feminismo já dava sinais de que estavam buscando muito mais do que pediam no levantamento da discussão anos atrás, tanto que nem imaginavam que bicho daria.

Po, com todo o respeito (eu sei que não vai adiantar, alguns me acharão machista e pronto), mas outro dia eu fiquei sabendo que existe mulher fuzileira-naval! Pra mim isso era só enredo de filme da Demi Moore! Existe de verdade? Isso expressa o que eu digo. Putz, não é pra uma mulher ser fuzileira-naval cara... Isso só vai atrapalhar a concentração dos nossos fuzileiros e fazer com que a força de guerra perca vigor físico. Existe limite de gênero aí! Inegável. Não to menosprezando a mulher. Acho que a Hillary Clinton até daria uma boa presidente por mais que fosse primordial que o negão fosse eleito na frente. E até a Dilma aqui no Brasil também (quer dizer, tenho lá minhas dúvidas se ela mandaria bem, mas não por ser mulher...), não é disso que eu to falando.

Acho que, no final, a mulherada fica confusa do seu papel em algumas coisas. O homem paga o cinema dela? Dá o lugar pra ela no ônibus? Peso pra carregar, cabe pedir pra carregar o dela ou soa como ofensa com uma mulher que pode fazer tudo o que o homem faz? Trabalhar meio-expediente enquanto o filho é pequeno? Trabalhar meio-expediente sempre? Ih, mas se for por aí, serão mil perguntas que não tem mais resposta óbvia. Agora são situações delicadas, tensas, tanto pro cara, quanto pra garota.

Finalmente, outro dia li sobre Mary Pride, uma das principais líderes do movimento feminista americano na década de 50 e 60. Ela lançou um livro já em 85 com o título “A volta ao lar. Do feminismo à realidade”. Bem, é a experiência de vida dela e um exemplo só não pode contar como nada além de um exemplo. Mas não deixa de ser um bom exemplo. A mulher largou tudo, voltou pro mesmo marido que tinha largado e hoje é dona de casa. Não to levantando essa bandeira não ok? Não me entendam mal. Só to falando que a Mary Pride fez isso.

Acho que a sociedade da mulher forte produziu um bando de homens fracotes e agora elas mesmo reclamam disso. Quem manda na minha namorada sou eu! Falo pra ela: “decide você!” E ela decide mesmo. Não é nem maluca de me contrariar...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Universo Colorido

Faço músicas. Tenho uma composição que se chama "Aquarela" (não, não sou o Toquinho) que começa assim: "Já pensou se o céu fosse verde como as plantas e as matas fossem azuis da cor do céu...". Eu gostei desse verso. Quando mostrei pra um amigo, a primeira coisa que ele falou foi "Êta cara... não gostei não. Muito maluco pro meu gosto". O "não gostei não" tudo bem, amigos são esses que falam na lata logo o que acham, mas o "muito maluco pro meu gosto" me fez pensar, percebi um interessante desconforto na fala dele, quase um protecionismo das cores do planeta. Como se fosse uma falta de respeito com o céu e as matas mudar suas cores. Engraçado...

As cores estão presentes desde o nascimento na nossa percepção de mundo (talvez até antes, sei lá! Eu já ouvi várias vezes médicos falando que o bebê já escuta, sente, pensa e sei lá mais o que antes de nascer, eu acho essa parada maior viagem). E elas estão presentes em tudo! Soa meio idiota falar isso, deve ser porque é muito óbvio, mas não deixa de ser verdade e verdade nunca deveria ser idiota: o universo é colorido!

Por exemplo, dizem que os touros ficam irritados com o vermelho. Quando eu e meu irmão éramos crianças e a gente brigava, os olhos dele ficavam vermelhos de ódio. Ele tinha vontade de me fazer sangrar. Me atropelar feito um touro! Sangue... Irritado... Ódio... Touro... Vermelho! Poxa, legal como tudo faz sentido!

E o vermelho combinado com o amarelo que dá fome? Bob's, McDonald's, Habbib's e outras lanchonetes manipulam nossos neurônios e nos fazem pensar assim: "eu poderia comer uma parada dessas" mesmo que tenhamos acabado de bater maior pratão! Tenho um amigo daltônico e pode até ser coincidência, mas ele não é nem um pouco ligado em fast-food. Meio assustador isso.

Na América do Norte, dizer que se está azul "blue" quer dizer que se está meio triste, pra "baixo". Por aqui, amarelar é se acovardar. Verde é a cor da esperança e branca é a cor da pomba da paz, que beleza. Verde e laranja são sempre a cor do verão! Po, deve haver um motivo pro extraterrestre do inconsciente coletivo ser verde e o rosa ser uma cor feminina. Algum dia alguém ensinou isso! Mas desde quando?

É... Pensar nas cores dá muito mais pano pra manga do que se pensa. Tem muita coisa estranha no universo colorido! A problematização não tem fim: Pior que a seleção italiana ter um lindo uniforme azul sendo sua bandeira vermelha, branca e verde, só a Holanda a bandeira azul, branca e vermelha e camisa laranja! E como pode existir uma cor chamada "azul petróleo" se o petróleo é preto? E rosa choque? Choque? Fala sério! Pra mim o caminhão dos bombeiros tinha que ser azul, de vermelho já basta o fogo! Se eu tivesse em um prédio em chamas ficaria mais tranqüilo ao ver um caminhão azul chegando. Os vilões sempre vestem preto, lógico, afinal de contas, eles são maus, e quem é mau veste preto né? Por outro lado os heróis americanos são sempre da cor dos EUA! Capitão América tudo bem, mas Super-Homem, Homem-Aranha (aranha azul e vermelha!?) e até o Pica-Pau! Só o Batman que não, mas você sabe como é, o Batman tem um lado mau.

Enfim, as cores estão e são. Admito que o texto não passa de um devaneio, mas é até bom ser assim, porque esse blog não fugirá muito disso. Enfim, só um cego não vê como é complexa a análise das cores e seus significados. E vou parando por aqui porque já são quase 14h e estou ficando verde de fome!
 
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