quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Manto

Sempre fui flamenguista doente. A diferença é que hoje sou doente, quando era pequeno, era doentinho (horrível essa...). Lembro da primeira vez que fui ao Maracanã ver o super Flamengo jogar. Devia ter uns 8 anos, talvez menos. Fui ver Flamengo e Vitória no setor das cadeiras. O jogo foi um 2 x 2 mais ou menos, minha mãe cochilou boa parte do jogo e eu só ouvia a arquibancada gritando bem longe de mim, ou seja, foi horrível. Mas é isso aí, ser flamenguista é aprender a sofrer também.

O segundo jogo (que eu considero como primeiro), foi alguns meses depois. Flamengo x Inter. Agora sim, nas arquibancadas, na "carcunda" do meu pai, 1 x 0 Mengão, gol do Renato Gaúcho! A emoção foi muita. Legal pensar que meu fanatismo talvez tenha começado nesse dia. Mas estou perdendo o foco. Gostaria de contar-lhe uma história de minha vida.

Quanto tinha 9 anos, ganhei uma blusa oficial do Flamengo. 2º uniforme (branco com uma listra rubro-negra), número 11 - Romário, lógico. A alegria da minha vida era aquela blusa. Lembro que quando fui guardar pela primeira vez meu pai me ensinou "a forma de se dobrar o manto-sagrado", hoje vejo que ele inventou aquilo naquela hora de bobeira, mas desde aquele dia eu só dobrava a blusa daquele jeito, deixando o escudo do Flamengo pra cima.

No meu aniversário de 10 anos, falei pro coroa o que eu queria: ir no treino do Flamengo na Gávea e pegar os autógrafos dos jogadores! E assim foi, no dia 23 de outubro, fui lá. Depois das atividades, esperei pacientemente a saída dos jogadores e peguei autógrafos de vários deles, inclusive Julio Cesar, Iranildo, Fábio Baiano e, claro, do baixinho Romário.

Pronto! O que mais um carioquinha rubro-negro quer da vida além de uma camisa do Flamengo autografada por seus ídolos? A blusa virou um troféu! Só usava de vez em quando pra ir nos jogos, e no resto do tempo deixava-a pendurada no armário, na esperança de não desgastar o pano e conservar aquele tesouro durante toda a minha vida!

Pois um dia a blusa sumiu. Desesperei. Procurei no meu armário e não estava. Inspecionei então todo o ciclo das roupas dentro de casa. Cesto de roupa suja, varal, cesto para passar, armário do meu irmão, do meu pai... nada. A aflição me consumia. Liguei pra minha mãe e perguntei da blusa:

- Mãe, onde está minha blusa do Flamengo?
- Que blusa...?
- A do Flamengo mãe! A única blusa do Flamengo que eu tenho!
- Ah meu filho, eu dei aquela blusa...
[Para tudo!]
- Que? Como assim!?
- Ué, você ainda queria aquela blusa!?
- Como assim "eu queria"!? Lógico! É minha blusa!!!
- Jônatas, aquela camisa tava toda rabiscada, toda suja! Pensei que era pra dar...
- Rabiscada!? Eram os autógrafos dos jogadores mãe!
- Autógrafos?
- Do Romário mãe...
- Ih, meu filho...

É, chora na cama que é lugar quente. Lá se foi o manto. Nunca me recuperei plenamente desse episódio. Hoje tenho 2 blusas do Mengásso, uma delas é autografada pelo Petkovic. Nem preciso falar, né? Mantenho bem longe da minha mãe.
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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Caixinha

O Natal chegou. O nascimento do menino super Jesus originou o dia mais expressivo do ano, socialmente falando. Talvez só perdendo pra virada, né? Sei lá... Natal é definitivamente uma ocasião esquisita. Esquisita e cheia de esquisitices. Mas pra mim, uma coisa é especialmente estranha nessa época tão especial.

Não estou falando de toda a decoração com pinheiros, neve, papai Noel, e gorrinhos vermelhos. Até porque, já me convenci que isso tudo tem muito a ver com o Brasil. Aliás, tem cena mais coerente e pertinente do que o Noel descendo por uma chaminé (dessas que todas as casas no Brasil tem), com aquelas roupas pesadas e aquela barba comprida numa noite do verão carioca com 30º à noite? Tirando o fato que o bom velhinho possivelmente infartaria, faz todo o sentido.

Nem estou falando do amigo-oculto. A brincadeira é legal, mas alguém pode me dizer porque diabos só a fazemos no Natal? O que tem a ver uma coisa com a outra?
Estou falando da caixinha. A "caixinha de Natal"! Você sabe o que ela é, né? Quantas vezes nos últimos dias te pediram um trocadinho ou não te devolveram o troco, te constrangendo a desembolsar $2 ou $3, simplesmente pelo pseudo-benigno "espírito natalino"? Já perdi a conta de quantas vezes aconteceu comigo, e o mais triste: já perdi a conta de quanto gastei com isso.

Porque a parada tá de um jeito que se você não dá, você é o pão-duro da história! Esse negócio de caixinha de Natal, se eu não me engano, começou com pessoas que não tinham trabalhos de carteira assinada e por isso pediam uma força pro final do ano: mais do que justo! Mas agora não, agora é todo mundo! O lixeiro, o trocador do ônibus, o carteiro, a caixa do supermercado, o Lula! Todo mundo pede caixinha de natal!

Então quer dizer que o cara ganha o salário dele, ganha o 13º, tira férias, e ainda ganha o dinheiro dos otários que dão uma graninha pra ele porque, sabe como é né, "Natal é época de fazer o bem, não importa a quem"! Eu vou é fazer a minha caixinha de natal! Meu motivo é mais do que justo. Sabe qual é? Minha caixinha é totalmente destinada a tirar o prejuízo que 2.283 caixinhas me causaram.
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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Cigarro

Hoje fui comprar umas paradas no mercadinho ao lado do meu trabalho e enquanto aguardava na fila do caixa, me deparei com mais uma propaganda do Ministério da Sáude advertindo o consumo de cigarros. Na hora pensei "será que alguém ainda é informado por essas propagandas? Alguém ainda não entendeu que cigarro faz mal?"

Quando era pequeno, passavam uns comerciais maneríssimos de cigarro. Caubóis cavalgando por riachos, ou em desertos, laçando touros fortes e tal. Após uma série de cenas iradas com o pôr do sol ao fundo, o caubói-mór tragava um Malboro (ou seria Free? tanto faz...) e bufava a fumaça, cheio de estilo e satisfação. O engraçado é que logo depois do comercial, aparecia uma mensagensinha dizendo "o cigarro faz mal à saúde", como se algum chato quisésse desmentir todo o mito do caubói! Tipo alguém dizendo "não é bem assim..."

Um tempo depois, esses comerciais foram banidos de vez da tv e tudo o que vemos hoje são advertências ao tabagismo. Outdoors, propagandas na tv, no rádio, revista, e em qualquer parede de qualquer estabelecimento comercial podemos ver várias formas de se dizer que fumar faz mal à saúde:

"Fumar causa câncer no pulmão."
"Fumar causa aborto espontâneo."
"Fumar causa câncer de boca e perda dos dentes."
"Crianças que convivem com fumantes tem mais asma, pneumonia, sinusite e alergia."
"Ao fumar, você inala arsênico e naftalina, também usados contra ratos e baratas."
"Fumar causa partos prematuros e nascimento de crianças abaixo do peso normal."
"Fumar causa impotência sexual."
"etc, etc, etc..."

Pô, fumante não é cego, nem surdo, nem bur... deixa pra lá! Se eu fosse ministro da saúde, os maços de cigarro viriam com um simples "cigarro mata" e pronto! Não tem que explicar muito não, já tá dito. Afinal, quem não sabe que cigarro faz mal? Não é nem uma questão de propaganda, todo mundo conhece alguém que perdeu a vida ou tá sofrendo um bocado por causa do fumacê! Até o caubói que eu falei já morreu por causa do Malboro (ou seria Free? tanto faz...)!

Fico pensando, com tanta coisa pra se fazer no mundo, por que o sujeito escolhe fumar? Existem 2.794.221 coisas que um ser humano pode fazer de bobeira. Dessas, 349 são ilegais, é verdade, mas outras 279.793.872 estão aí pra serem feitas, é só fazer! Por que escolher uma que faz mal ao seu corpo? Enfim, não vou nem adiante nesse papo porque já se tornou clichê demais!

Tão clichê que eu já mudei meu slogan. Se eu fosse o ministro da sáude, seria assim:
"O Ministério da Saúde já deu o papo, agora é contigo mermo!"
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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Beautiful


Eu e a namorada fomos na casa de uma família de amigos nossos. Numa terça à noite, 6 pessoas boas de papo destaram a falar, a ponto de eu olhar pro relógio desavisadamente e ver que de repente são 22h! "Nossa, estamos aqui já há quase 3 horas conversando!" e não para por aí. Quando deu 0h, foi como se os sinos da meia-noite tocassem para a Cinderela! "Agora é sério, temos que sair daqui!" E metemos o pé.

A casa de Ricardo e Helô é meio longe da minha, de forma que depois de colocar minha amada dentro de seu ônibus e pegar o meu no sentido contrário e percorrer uma viagenzinha de +/- 20 minutos, já era quase 1h da manhã quando desci na esquina da Rua Cachambi (http://maps.google.com) para andar até minha casa.

Se tratando da madrugada e se tratando do Rio de Janeiro, andar é sempre um momento delicado, certo? Pois então, mais ainda se você percebe que logo atrás de você anda, na mesma velocidade de seus passos, um cara de andar malandro, boné escondendo o rosto e mochila virada pra frente. Os mais escandalosos andariam mais rápido, mas preferi ficar na espreita.

A vida é mesmo um sequência de acontecimentos loucos. Fora o Senhor, Criador dos céus e da terra, ninguém pode entender o sentido do mundo, porque são momentos como esses que narro agora que fazem valer a máxima: "a vida é uma caixinha de surpresa" (ou seria "o futebol"? whatever...).

De rabo de olho, vi que meu estereotipado assaltante se movimentou suspeitamente, pegando algo em sua mochila, de modo que me preparei, ou pra correr, ou pra entregar tudo (mais possivelmente a segunda hipótese), quando percebi, bruscamente, algo engraçado...

"You are so beautiful to me... You are so beautiful to me... can't you see..." Joe Cocker cantou o clássico romântico, que no silêncio da Rua Cachambi, às 1h07 da manhã, ecoou com imponência. O clima de suspense se dissipou, transformando a situação num momento de leveza musical, e por que não dizer, romance. Vou te falar que se o cara me chamasse pra dançar coladinho, não sei o que responderia.

Vai entender... Esse negócio de julgar o livro pela capa é complicado.
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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Surf


Ontem fui pra praia pra pegar onda. Não sou surfista, não ainda. Desde moleque, quando assisti pela primeira vez Surf Adventures, tenho vontade de aprender a pegar onda. Na época, porém, era muito complicado para aprender. Não morava perto da praia, não tinha prancha, não tinha nada, só vontade, então fiquei só no jacaré mesmo (e me tornei profissa em jaca).

Mas pra você ver como eu tenho vontade mesmo de pegar onda, esse desejo não morreu. Aos 18 anos, comprei uma prancha e fui pra praia, mas tomei uma surra do mar (não arrumei nada). O dificil não é descer a onda em pé na prancha, sabia? Dificil mesmo é entrar no mar, remar que nem um cachorro, furar a arrebentação, enfim, tem muitas coisas complicadas pra se fazer além de ficar em pé.

Ontem fui na praia. Dessa vez, tudo será diferente! Estou decidido a levar essa parada a sério agora. Amanhã vou pra praia de novo e vou pra praia mil vezes até dropar na onda e ver a areia da praia por cima da água. Bem, tomara que não precise ir mil vezes na praia pra isso.

No primeiro dia do meu processo de virar um surfista, vou ser sincero, tomei outra surra do mar. Mas é isso aí, se você não é perseverante, você nunca vai conseguir. Ontem pelo menos aprendi os termos básicos pra conseguir me comunicar com os outros surfistas, um linguajar repleto de gírias. Tem que ver...

Além da língua surfista, remei loucamente pra lá e pra cá durante umas 2h (haja tríceps) e o mais intrigante: sentar na prancha, muito dificil por sinal. Sentar na prancha é importante por dois motivos simples: é a única maneira eficiente de descansar quando se está dentro d'água e é umas das paradas mais estilosas no surf.
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