quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Carlos e o diabo

Quando era pequeno, sempre que entrava de férias ia para a casa da minha vó, em Araruama - estado do Rio. Lá, passava o verão quase todo entre piscina, futebol, piscina, fliperama, futebol, sorveteria, piscina, locadora, futebol, locadora, fliperama, piscina, futebol, etc.

De todas as coisas, porém, o que mais se fazia era futebol. E o bom é que a galera abriu um campo no meio de um terreno baldio, perto da rua. Não sei dizer se o campo era grande, mas pro meu corpitchu de 1 metro e meio, na época, era gigante! Era o point do final da tarde. O verdadeiro Camp Nou da Rua Bangú! Lá fiz muitos gols (infelizmente, não há testemunhas entre os seguidores desse blog). E o mais interessante é que na nossa rua só tinha menino! Só morava uma menina, Tatiana, no nº32 (chutei! rs), o resto era tudo molecada! Bem, se fosse pra garotos de 16 anos, 17 anos, seria uma droga só ter uma menina, mas como tínhamos 11, 12, anos, não nos importávamos muito. Bom era que não faltava gente pra jogar. Pois bem, um dos garotos respondia por nome de Carlos. Jogava bem, talvez um dos melhores. Mas Carlos tinha uma particularidade em meio às circunstâncias de jogo: vivia invocando o nome do diabo.

Lembra-se do Nhônho, assustado por ouvir Dona Clotilde chamar seu cãozinho, satanás? Pois então, confesso que ficava meio bolado. Afinal, vai que o ládebaixo escuta? Cada vez que errava alguma coisa no jogo, Carlos cutucava satanás. Se perdia o gol, "diaaaabo!", se o goleiro do seu time frangava, "capeeeeta!", se o jogo acabasse e seu time estivesse atrás no placar, "demôôônio!", e assim por diante.

Acho que o próprio tinhoso não devia aguentar mais os gritos de Carlos. Imagino a situação: Assim que Carlos pegava mal na bola e a redonda se perdia pela linha de fundo, o menino gritava "demôôônio", ao cabo que o próprio, lá das profundezas, reage: "vai pro eu mesmo que te carregue! O que tenho eu a ver com esse futebol!? Me deixe em paz, eu também sou filho de... deixa pra lá" Deve ser chato mesmo ter alguém te chamando sem motivo, sem parar!

O tempo passou, o campinho virou um condomínio de casas e Carlos ainda mora na Rua Bangú, lugar que continuo visitando, raramente, infelizmente. Não sei se ainda grita ao capeta quando joga bola, mas acho que não. Crianças são estranhas e fazem coisas sem muito sentido às vezes, como Carlos, nesse caso. Um dia ele deve ter percebido que era meio bizonho esse negócio de ficar gritando o coisa-ruim no meio de uma partida de futebol, até porque, todo mundo sabe que o único esporte que o 7 peles gosta é UFC.

ps: A foto é uma metáfora, ok? No caso, Carlos é o Michael.
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5 comentários:

Anônimo disse...

"vai pro eu mesmo que te carregue! O que tenho eu a ver com esse futebol!? Me deixe em paz, eu também sou filho de... deixa pra lá"
hahahahha mt bom

Camila disse...

Adoro essa história! o melhor é o "demôooonio!!!"rsrs

Anônimo disse...

Me lembrou o vídeo do MORRE DEABO (com E mesmo)! haha.

Priscilla Acioly disse...

HAHAHA Tinha que virar mesmo post! Mas gosto muito de tu contando isso pessoalmente...

Anônimo disse...

hahahahahahahah

mas cuidado que esse já é teu segundo post com o nome dito cujo no título!!!

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