terça-feira, 6 de abril de 2010

Tijuca




Fui inocente. Com meus próprios pés me direcionei pro lugar onde mora tantas armadilhas, onde tantos entraram e tão poucos de lá saíram. Lugar onde homens sábios enlouqueceram e até taxistas se acharam transtornados. Fui inocente. Com meus próprios pés me direcionei pro labirinto do Minotauro, mais conhecido como Tijuca.

Tijuca é um bairro da zona norte do Rio que mantém uma pompa de zona Sul. Rodeada de favelas (macacos, formigas e outros animais), com um colégio Pedro II, um Maracanã, alguns shoppings e uma praça de nome exótico, a Tijuca tem várias particularidades. Falarei, porém, da principal: seu labirinto sem fim.

Só quem nasceu e cresceu no labirinto do Minotauro é capaz de se manter são em meio às 278 ruas mão-única iguais, com casas antigas e prédios parecidos, repletas de agencias bancárias, Sendas, bancas de jornal e flanelinhas. Sem falar de uns shoppinzinhos loucos que entram numa calçada, furam o quarteirão e saem em outro lugar, como portais que ligam dimensões ou os sete infernos, sei lá.

Já perdi a conta de quantas vezes me perdi na Tijuca. Você acha que sabe onde está quando de repente percebe que já é a terceira vez que você passa em frente ao McDonald’s. “Mas pode ser outro McDonald’s” você pensa. “Mas a Casa Cruz não era ali... É, to perdido”. Depois da constatação, não há mais nada a fazer a não ser sair andando a deriva até que seu cérebro reconheça alguma coisa. Com sorte você encontrará uma entrada do metrô ou a praça.

A Praça Saens Peña é onde mora o Minotauro. É por ali que você encontrará sua liberdade, pois é o único lugar que faz sentido na Tijuca. Na praça há ônibus devidamente endereçados e a entrada principal do metrô onde se vê pessoas aliviadas deixando o labirinto e outras chegando com olhares apreensivos, incertos do que estão fazendo ali.

Se você tiver algo a fazer por aquelas bandas, seja cauteloso. Leve um nativo da região ou se renda ao táxi. Não adianta levar mapas, pode ter certeza que quem desenhou o mapa também já se perdeu na Tijuca. E nem pense no auxílio de uma bússola porque elas enlouquecem assim que se aproximam do labirinto. Ah! E de forma alguma dê o mole de estar lá à noite. Na escuridão da noite é quando o Minotauro mais faz suas vítimas.

6 comentários:

Anônimo disse...

Sensacional!!!

Anna Beatriz disse...

não entendi...

Anônimo disse...

Um labirinto perfeito possui obrigatoriamente uma única saída e, por mais que exista, ninguém a acha. Qual será a saída da Tijuca, qual será a saída pra Tijuca?

Priscilla Acioly disse...

Nossa, nunca irei à Tijuca. Com meu [ironia]ótimo[/ironia] senso de direção... rs

Diogo Lima disse...

Jônatas, vc tá exagerando muito, meu rapaz! A Tijuca não é tão "labiríntica" assim ... À propósito, tenho lido tuas postagens e estou gostando muito. Você, Priscilla, Vinicius, têm me estimulado a inaugurar o meu espaço virtual, pra que eu também possa compartilhar minhas meditações e impressões acerca de tudo que me vier à mente e der vontade. Abração!

Antônio Novaes disse...

Muito bom!
Pelo menos o metrô é rapidamente encontrado!

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