quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Novela
Fiquei 7 dias na casa de minha querida e peculiar vovó Wanda - que merece uma crônica só pra ela um dia desses, que não hoje. Mas lá em Araruama, no meu eterno ninho lúdico infantil fui forçado a fazer coisas que não costumo, ou por falta de opção ou de reflexão. Um desses costumes foi ver novela. Na TV da minha vó só passa Globo, simplesmente. No horário nobre então, nem se fala, “Viver a Vida” deita e rola.
Agora, pra assistir novela do Maneco não precisa nem gostar de novela né. Não gosto de novela nem entendo muito (talvez porque não goste né?), mas tenho a impressão de que Manoel Carlos é melhor que os outros. A bossa nova, o Rio de Janeiro, os personagens endinheirados e os vários draminhas familiares são de praxe e funcionam bem pra prender sua atenção. Mas vamo combinar, novela é um mundo paralelo que brinca de imitar a realidade, mas ao pé-da-letra é de uma inverossimilhança gritante! A novela tem uma coerência própria que é inegavelmente distante do que ela promete imitar, ou seja, a vida real.
Quando alguém tosse na novela, já era, acaba de assinar sua própria sentença de morte. Tossir numa novela significa claramente a proximidade do óbito. É batata! Tossir é “doença séria ainda não diagnosticada”. Uma menininha sentiu um enjôo? Grávida! Lógico! Ninguém enjoa a toa em novela rapá! Vomitou? Ta prenha!
As empregadas sempre serão negras, não há o que fazer quanto a isso. Há quem diga que seria hipocrisia colocar uma branca de doméstica já que na realidade elas são negras mesmo, mas po, vâmo combinar também, das 489 novelas que já tiveram nunca ter tido uma serviçal branquinha (não precisa ser loira não, só pra branquinha já ta bom!) é sacanagem. Às vezes são gordinhas engraçadas, às vezes velhas e sábias, às vezes bonitas e oferecidas ao patrão, sempre negras. Pelo menos agora já tem até protagonista de novela das nove, negra. Putz, demorou menos pro EUA ter um presidente negão.
Já reparou que o café da manhã de novela é sempre regadão? Pode ser no barraco do núcleo pobre da novela (aquele que toca samba baixinho no fundo, sabe?) que pode olhar lá: leite, café, pão, suco, fruta, queijo, geléia, caviar e lagosta. Do rico então nem se fala. Ah! E todo mundo anda calçado dentro de casa. Esse negócio de andar descalço em casa é coisa de maluco. Normal mesmo é calça jeans e tênis. E essas paradas rolam em todos os horários! Seja na de época nas 6, a novela boçal das 7 ou a dos grandes atores as 9, são regras universais da ficção novelesca!
Mas o que mais me impressiona em novela é o conceito de fidelidade. Boa parte da trama é em torno de romances né? E boa parte desses romances são entre pessoas casadas ou namoradas que trocam de parceiro freneticamente durante o desenrolar da trama. Os casais que começam na novela muito provavelmente não serão os que vão terminar.
Nós torcemos pra fulana ficar logo com o beltrano. Nem passa pela nossa cabeça, porém, que ela é casada com o outro sujeito lá. Na verdade, esse sujeito seria mais feliz se ficasse logo com a esposa do irmão. Qual o problema? Ela já ta traindo ele mesmo com o filho da amiga, né? Que beleza, e assim a audiência vai no céu!
O mais engraçado de tudo é que durante os meses da novela, os casais vão se desfazendo e se refazendo e os casamentos são todos furados. Verdadeiros redutos de infelicidades. Ou pro homem ou pra mulher ou pros filhos ou pra todos. Não existe família feliz em novela. Todos vão traindo. O costume é tão disseminado que vemos loucuras como um carinha nessa novela das 9 que trai a Leticia Spillar com a Olga! Caceta, quem vai trair a Leticia Spiller com aquela cara torta? Enfim... Mas o que acontece no final da novela? Isso mesmo, todos casam! E na igreja! E quem não casa na igreja (por falta de tempo nos últimos capítulos) se junta com alguém na festa de casamento mesmo de alguém que esteja se arranjando no final! Os personagens mais insignificantes, até eles se arrumam entre eles.
Todos os casamentos são infelizes ao longo da trama, mas os que rolam nos últimos dias da novela, ah, esses durarão eternamente! Que lindo! Agora chega de escrever que a Taís Araújo ta se engraçando com o gato do Thiago Lacerda e o micareteiro do marido dela já ta catando mais uma, dessa vez é a Antonelli... ô novelinha boa!
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Tá fervendo, tá brabo
A rixa entre SP e RJ é tão grande que esses paulistas safados não são capazes nem de trasferir um pouquinho da chuva que tá caindo lá pra cá. Eles morrendo afogados, a gente morrendo de calor e não tem negócio.
O que mais me irrita nesse inferno chamado verão é quando chego da rua louco por uma ducha gelada (a maior arma contra o calor, certo?) mas quando abro o chuveiro a água tá quente! Quente porque até o encanamento, a caixa d'água sei lá, esquentaram com a força do calor. Nesse momento dois sentimentos se misturam bombasticamente: o ódio que me dá vontade de quebrar tudo e a tristeza que me dá vontade de chorar copiosamente. Não faço nenhum dos dois, tomo banho com cara de nojo e me conformo.
Não sei porque babam tanto o ovo do verão! Não gosto do verão, nunca gostei. O verão só é bom de férias na beira da praia porque em casa, pegando ônibus, de calça jeans, tentando ler no quarto, jogando bola, é um inferno. Que essa banda barulhenta passe logo. Junto com o carnaval passa a loucura do calor. Daqui a pouco é abril e as coisas ficam mais tranquilas, depois um pouco é junho e já é hora de voltar a vestir um casaquinho, dormir de adredôn e tomar mingal.
Enquanto o veraneio não passa, vou me contentando com as tempestades de verão. Duram pouco mas são ótimas. Quanto mais raio, água e desordem urbana melhor, assim que tem que ser. Um coquinha gelada também ajuda, além da maior invenção da humanidade: o ar condicionado a 19º (Deus abençoe a conta de luz). Mas que tá fervendo, ah isso tá. Tá brabo...
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